scutas telefônicas gravadas com autorização da Justiça mostram que as
ordens para os ataques ocorridos no Maranhão partiram de dentro do
Complexo Penitenciário de Pedrinhas. Segundo reportagem do Fantástico,
Hilton John Alves Araújo, detido após os ataques, comandou as ações após
o pedido de um preso.
A onda de ataques começou depois que uma
operação da Tropa de Choque em Pedrinhas, na sexta-feira (3), buscou
diminuir as mortes nas unidades prisionais do Maranhão. Até agora,
quatro ônibus foram incendiados e duas delegacias foram alvo de tiros em
São Luís.
A polícia fechou as saídas da cidade, e mil policias
fizeram buscas por toda a capital. Ao todo, 11 pessoas suspeitas foram
detidas. Entre elas, Hilton John Alves Araújo, que, segundo a polícia,
comandou as ações.
Nas escutas gravadas com autorização judicial e
exibidas no Fantástico deste domingo (5), Araújo conversa com um dos
presos, identificado pela polícia como Jorge Henrique, que reclama da
ocupação do presídio por parte da polícia e da Força Nacional de
Segurança. Ele, então, ordena os ataques. "Nós tamos dando um alô geral
aí pra todo mundo se organizar. Quando é mais tarde, horário daqueles
ataques, novamente pra cima deles. É ônibus, é polícia, é bombeiro, é
tudinho, tá ligado (sic)?".
Em seguida, segundo a polícia, Hilton
John liga para a mãe dele para alertá-la. "Não vai pegar ônibus hoje
nem amanhã. Vai rolar uma chacina em São Luís", diz.
O secretário
da Segurança Pública do Maranhão, Aluísio Mendes, já havia dito que a
ordem para os ataques partiu de presos. "O serviço de inteligência
confirmou que esses ataques foram ordenados de dentro dos presídios,
inclusive sabemos quem mandou e quem recebeu as ordens. Essa é, na
verdade, uma resposta à moralização que estamos fazendo na segurança do
sistema penitenciário", afirmou.
Quatro das cinco vítimas dos
ataques a ônibus continuam internadas e três ainda correm risco de
morte, entre elas a menina Ana Clara, de 6 anos, que teve 98% do corpo
queimado. Ela está em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e respira
com a ajuda de aparelhos. A irmã dela, Lohana, de 1 ano e meio, já está
fora de perigo. O pai das meninas está inconformado.
Ajuda federal
Neste
domingo, o Ministério da Justiça ofereceu ao governo do Maranhão vagas
em presídios de segurança máxima para transferências de líderes das
facções criminosas que estão no complexo de Pedrinhas.
A
governadora do Maranhão, Roseana Sarney, ainda não respondeu à oferta do
Executivo, o que deverá acontecer nos próximos dias. Se aceitar o
auxílio federal, ela será responsável por apontar quais presos serão
transferidos para outros locais.
Segundo o Ministério da Justiça,
a estratégia que pode ser adotada no Maranhão já foi usada de forma
eficaz anteriormente em Santa Catarina, quando foram transferidos vários
presos, no início de 2012, justamente para tentar frear uma onda de
violência que tomava conta do estado.
Em entrevista coletiva
feita na manhã deste domingo, a cúpula da Segurança Pública do Maranhão
apresentou dez suspeitos de participar dos ataques a quatro ônibus e à
9ª Delegacia de Polícia ocorridos na sexta-feira (3). No sábado (4), uma
delegacia no bairro da Liberdade também foi atacada. O secretário
Aluísio Mendes disse que o objetivo dos criminosos era queimar pelo
menos 20 ônibus na região metropolitana de São Luís.
Sistema prisonal do Maranhão
Um
relatório de inspeção sobre estabelecimentos prisionais do Maranhão,
assinado pelo juiz Douglas de Melo Martins e enviado no fim do ano
passado ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), confirma a "precariedade
do sistema prisional maranhense". O governo do estado, segundo o juiz,
já recebeu várias indicações da necessidade de estruturar o sistema. O
governo do Maranhão contestou parte do relatório.
Fonte: G1, com informações do Fantástico/Miseria
Nenhum comentário:
Postar um comentário