A Polícia Civil de Mossoró indiciou a
assistente social Ruth Alaíde da Escócia Ciarlini, que é irmã da
governadora Rosalba Ciarlini, e o médico Eider Barreto de Medeiros, que é
diretor do Hospital Regional Tarcísio Maia, além de outros 11 servidores do mesmo
hospital, por crimes de estelionato qualificado, falsidade ideológica, peculato
culposo entre outros crimes.
A investigação
começou no mês de maio de 2013, quando o Retrato do Oeste mostrou, com
exclusividade, que a assistente social Ruth Ciarlini ganhava sem trabalhar no
HRTM e recebia uma bonificação especial que recebe como nome Plantão Eventual.
No caso, este tipo de benefício só deveria ser pago para quem de fato
trabalhasse além de seu expediente normal completando escala. Ela se quer
aparecia no hospital.
Além da irmã da governadora, o Retrato do
Oeste também revelou vários outros nomes, que estava ganhando plantão eventual
sem trabalhar no HRTM. A notícia ganhou repercussão estadual e os delegados
Fábio Montanha, da 1ª DP de Mossoró; Nivaldo Floripes Batista, da 2ª DP, e José
Vieira, da Delegacia de Defraudações, instauraram inquérito policial para
apurar o caso.
Delegados José Vieira e Fabio Montanha
No dia 27 de
setembro, com ordens judiciais, os delegados apreenderam documentos no HRTM que
viria mais tarde comprovarem os desvios de recursos públicos através de fraude
na folha de pagamento, destinando plantão eventual para quem não merecia. Eram
destinadas até quatro plantões eventuais (o máximo) para pessoas que se quer
iam ao HRTM, como era o caso da irmã da governadora, e quem trabalhava
completando as escalas contaram aos delegados que não recebiam.
Documentos apreendidos no HRTM/Fotos Jr Dantas/4dzpatrulha
O próprio diretor
Eider Medeiros recebia carga máxima de plantão eventual todo mês. Além dos
depoimentos e os documentos, os crimes foram comprovados através de escutas
telefônicas autorizadas pela Justiça com o aval do Ministério Público Estadual.
“Só está sendo indiciado quem tem comprovação testemunhal e material”, explica
Fábio Montanha, lembrando que teve vários casos que até havia prova material,
mas não havia casamento com a prova testemunhal. Estas pessoas ficaram de fora
do indiciamento.
1 – Ruth Alaíde da Escóssia Ciarlini (na foto ao lado da
governadora Rosalba, sua irmã), indiciada por estelionato
qualificado e falsidade Ideológica que o Código Penal Processual (CPP) prevê
pena de 2 a 10 anos de prisão. Segundo o delegado José Vieira, a ex-deputada e
ex-vice-prefeita de Mossoró ainda tentou esconder que recebia plantão eventual
e salário sem trabalhar no Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM).
2 – A Chefe do Setor
de Serviço Social do HRTM, Rosângela Almeida Moreira Carioca, foi indiciada por
estelionato qualificado, que o CPP prevê pena de 1 a 5 anos de prisão, além de
Fraude Processual, que o CPP prevê pena de 3 meses a 2 anos. “Esta senhora
recebia plantão sem ter direito e criou um livro para tentar esconder a
fraude”, explica.
3 – Assistente social
que trabalha no setor administrativo, Margareth Paiva Cavalcante, foi indiciada
por estelionato qualificado, que o CPP prevê pena de 1 a 5 anos de prisão, e
por falsidade ideológica, que o CPP prevê pena de 1 a 5 anos. Ela não
trabalhava na Assistência Social, mas colocava seu nome para receber Plantão
Eventual noturno.
4 – Mirna Aparecida
de Sousa de Lima foi indiciada por estelionato
5 – Zuleide da
Conceição Sousa foi indiciada por estelionato
6 – Alzeniza Nunes de
Lima, a Geiza, foi indiciada por estelionato
7 – Alzenira Nunes de
Lima foi indiciada por estelionato
8 – Valcineide Alves
da Cunha de Sousa – foi indiciada por estelionato. Esta senhora tem uma
particularidade. Recebia plantões eventuais noturno de um setor do HRTM que
não funciona à noite. Na prática, Valcineide se quer trabalhava no HRTM.
Só recebia.
9 – Antônia Edna de
Morais foi indiciada por estelionato
10 – Janilce da Silva
Falcão foi indiciada por estelionato
11- Maria Goretti
Alves de Araújo foi indiciada por estelionato
12 – Maria Goretti
Bezerra foi indiciada por estelionato
13 – Eider Barreto de
Medeiros, que é o diretor geral do HRTM foi indiciado por peculato culposo,
pois, segundo o delegado, sabia de tudo quando assumiu, deixou o esquema
continuar e ainda autorizava pagar a si próprio com plantão eventual.
O rombo
O governo do Estado
pagava em média 8 milhões por mês em plantão eventual a servidores do governo
para complementar escalas dos hospitais do Rio Grande do Norte. Existe uma
suspeita de que em sua grande maioria, estes plantões eventuais foram pagos a
quem não merecia em detrimento a quem de fato trabalhou. Seriam destinados para
apaniguados políticos, como escreveu os delegados. Após a publicação dos fatos
pelo Retrato do Oeste e a Operação Ponto Final da Policia Civil, os pagamentos
de plantões eventuais teria reduzido mais de 60% no RN, o que equivale uma
economia mensal superior a R$ 5 milhões.
Informações Retrato do Oeste/Por Cézar Alves
Fotos: Jr Dantas/4dzpatrulha
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