'Especialista em fugas' escapa mais uma vez, confirma diretor de AlcaçuzAnderson Carlos Inácio do Nascimento fugiu por túnel descoberto há 6 dias.
Antes tratado como desaparecido, agora ele é oficialmente um foragido.
Anderson BarbosaDo G1 RN
Anderson Carlos Inácio do Nascimento, 29 anos(Foto: Divulgação/Alcaçuz)
O detento Anderson Carlos Inácio do Nascimento, de 30 anos - que até o final da manhã desta sexta-feira (5) era tratado como desaparecido - agora é oficialmente considerado foragido. Apontado como um 'especialista em fugas', ele escapou da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, a maior unidade prisional do Rio Grande do Norte, por um túnel descoberto no sábado passado, dia 30 de maio. Esta é a sexta vez que Anderson foge da cadeia.
Em nota, a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc) informou que Anderson Carlos Inácio do Nascimento é natural de Arez, e que cumpre pena por roubo, assalto e porte ilegal de arma de fogo, além de confirmar que as buscas pelo corpo dele, dentro do túnel, foram suspensas. Desde sábado, dia 30 de maio, a Sejuc vem empregando meios para identificar se o preso foi soterrado no túnel cavado ilegalmente, sob o presídio ou está em fuga. Foram usadas duas pás mecânicas, de tamanhos diferentes, além de escavação manual, com a presença de engenheiro, no local. Não tendo encontrado o corpo do referido apenado, a Sejuc registra como foragido Anderson Carlos Inácio do Nascimento”, afirmou.
A fuga de Anderson Carlos só não havia sido confirmada no próprio dia 30 porque, segundo o diretor Eider Brito, havia a possibilidade de o apenado ter sido soterrado e morto. É que parte do túnel, que escavado a partir do Pavilhão 4, desmoronou quando os presos tentavam escapar. "Depois que fizemos a recontagem, verificamos que faltava um preso. E foram os próprios colegas de cela que disseram que o Anderson poderia ter sido soterrado", explicou Brito.
Desde então, militares do Corpo de Bombeiros e os próprios agentes penitenciários de Alcaçuz passaram a procurar pelo desaparecido. "Como não encontramos nenhum corpo dentro do túnel, agora podemos afirmar que ele realmente escapou", afirmou o diretor.
Após presos informarem que Anderson Carlos estaria
soterrado, buscas foram feitas em Alcaçuz
(Foto: Divulgação/Coape)
Fugas
Em contato com o G1, o juiz Henrique Baltazar, da Vara de Execuções Penais, enumerou a série de fugas do apenado. Segundo o magistrado, Anderson Carlos foi preso no dia 17 setembro de 2004 após cometer um furto. O procedimento foi instaurado pela comarca de Tibau do Sul, no litoral potiguar. Pelo crime, o preso acabou condenado a pouco mais de 4 anos de cadeia.
A primeira fuga de Anderson Carlos aconteceu no dia 1º de junho de 2007, sendo recapturado no dia 3 de março de 2009. Na ficha, ainda segundo o juiz, não consta de qual unidade ele escapou. “Apenas aparece a informação que ele fugiu, tendo sido recapturado dia 3 de março de 2009”, afirmou.
Em 16 de janeiro de 2010, já encarcerado em Alcaçuz, nova fuga. Na ocasião, além de Anderson, outros 14 presos escaparam por um túnel escavado entre as guaritas 6 e 7. O apenado acabou recapturado e retornou à penitenciária quatro dias depois.
No dia 4 de maio, Anderson se junta a outros seis apenados, reabrem o mesmo túnel escavado em janeiro e escapam. Mas, desta vez, ele não vai muito longe. É logo encontrado e retorna à prisão.
Poucos dias depois, em 23 de junho, o preso mais uma vez se manda de Alcaçuz. E, novamente, escapa por um túnel. Fugiram ele e mais quatro detentos. Anderson foi recapturado seis dias depois. Ele foi preso no bairro do Alecrim, em Natal, logo após roubar uma padaria.
Em 28 de setembro de 2011, Alcaçuz registra mais uma debandada de presos. Nove ao todo. E quem aparece na lista? Exatamente ele: Anderson Carlos Inácio do Nascimento. À época, a direção informou que os detentos conseguiram fugir por um túnel que já havia sido. Por causa da falta de uma retroescavadeira, o buraco acabou ficando parcialmente aberto, o que possibilitou a nova fuga.
A última escapada de Anderson Carlos foi histórica. Aconteceu no dia 19 de janeiro de 2012. Até hoje, a maior já registrada em Alcaçuz. Ao todo, fugiram 41 apenados. A debandada aconteceu no então denominado Pavilhão 5. Posteriormente, a unidade foi transformada em um anexo da penitenciária e acabou rebatizada, passando a ser chamada de Presídio Rogério Coutinho Madruga.
Aproximadamente 140 homens estavam detidos no pavilhão. No fim da noite, os detentos de uma das alas conseguiram abrir as celas. Estranhamente não havia cadeados. Depois disso, os presos fizeram uma espécie de torre humana e escalaram até as grades colocadas na parte superior do solário. Em seguida, usaram serras para abrir um buraco na estrutura, por onde tiveram acesso à parte superior do pavilhão. A partir daí, eles usaram uma corda feita de lençóis emendados e saíram da ala. Após deixar o pavilhão, o grupo arrancou uma escada de ferro que estava pregada na estação de tratamento do presídio e usou a estrutura para escalar o muro com mais de cinco metros de altura, tendo acesso à área externa da penitenciária.
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