O preso Micherlan Breno Cruz Dantas, 31, passará a dar aulas de artesanato para outros presos (Foto/Divulgação: Secretaria de Administração Penitenciária da Paraíba)
O preso Micherlan Breno Cruz Dantas, 31, que fez uma máscara usando restos de sabonete e sabão com as feições de um agente penitenciário no presídio de Santa Rita, na Grande João Pessoa, passará a dar aulas de artesanato para outros presos do complexo penitenciário a partir desta quinta-feira,17.
Ele cumpre pena de 11 anos por dois assaltos a mão armada e passou a ser investigado internamente depois que a máscara foi encontrada em sua cela, no início do mês, quando agentes penitenciários fizeram uma varredura após denúncias sobre um plano de fuga na unidade, que conta com 238 presos, mas tem capacidade para apenas 160.
Segundo o diretor do presídio, Edmilson Alves de Sousa, o preso foi inocentado da acusação de tentar facilitar a fuga de outros detentos e, com isso, foi selecionado a fazer parte do programa de ressocialização na unidade prisional, recebendo uma ajuda de custo mensal de até R$ 200.
As aulas serão ministradas diariamente, com exceção dos dias de visita (quarta, sábado e domingo).
Cerca de 20 presos já demonstraram interesse em participar das aulas de artesanato em sabonete e argila, mas o espaço físico da unidade só comporta dez alunos por turma, exigindo uma seleção interna entre eles.
Depois de esclarecida a situação, o preso diz que já tinha realizado trabalhos de artesanato em um presídio em Campina Grande, onde estava preso anteriormente, mas que havia revelado as habilidades manuais a nenhum outro detento em sua nova unidade prisional, na qual está preso desde maio deste ano.
A máscara feita por Micherlan Breno Cruz Dantas (Foto/Divulgação: Secretaria de Administração Penitenciária da Paraíba)
"Na rua, eu não sabia que tinha esse dom, descobri aqui dentro, quando queria dar um presente de aniversário para o meu filho e não tinha como comprar nada. Acabei pegando um sabonete e consegui entalhar um leão, descobrindo que sabia fazer isso", disse o preso à Folha.
Transferido após uma rebelião, não encontrou em Santa Rita os materiais para trabalhar, então decidiu fazer a máscara com as feições do agente penitenciário que atua como chefe de disciplina, para, segundo ele, oferecer como presente e então conseguir mais materiais para trabalhar.
"Não tinha como chamar a atenção dele de outra forma, então fiz a máscara. Acabou dando certo. Muita gente prestou atenção em mim e agora poderei repassar este dom que Deus me deu para outros presos. Quando sair daqui, quero levar uma vida honesta e trabalhar com artesanato e espero que outros detentos tenham a mesma oportunidade", afirma.
O preso ainda tem mais sete anos de pena pra cumprir, em regime fechado. (WILLIAM DE LUCCA, COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM JOÃO PESSOA).
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