Segundo as autoridades, o arsenal produzido era destinado a quadrilhas responsáveis por vários assaltos a bancos no CE
Uma
operação sigilosa envolvendo policiais da Delegacia Regional de Quixadá
e da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF) resultou, na manhã de ontem, na
descoberta de uma fábrica de armas de grosso calibre na região entre
Quixadá e o Município de Ocara (95Km de Fortaleza).
Armas
de grosso calibre, como fuzis, submetralhadoras e pistolas, são usadas
por bandidos no momento em que eles sitiam cidades do Interior foto:
Helosa Araújo
Segundo informações preliminares da Polícia
Civil, armas de grosso calibre, como submetralhadoras, escopetas e
carabinas eram fabricadas na região e serviam para municiar quadrilhas
que vinham atacando bancos no Interior cearense, especialmente das
regiões do Sertão Central, centro-Sul, Maciço de Baturité e Vale do
Jaguaribe.
Prossegue
Conforme o
diretor do Departamento de Polícia Especializada (DPE), delegado Rommel
Kerth, procurado pela Reportagem no fim da tarde de ontem, todas as
informações sobre a operação não poderiam ainda ser reveladas, visto que
as diligências ainda estavam em andamento.
Segundo Kerth, pelo
menos uma pessoa já havia sido presa e as diligências visavam a captura
de outros envolvidos na fabricação do armamento pesado.
A
fábrica de armas de fogo teria sido montada em Ocara e a Polícia Civil
chegou ao local depois de investigações sigilosas feitas a partir da
identificação e prisão de envolvidos nas ações contra agências bancárias
naquela região do Sertão. O trabalho sigiloso da DRF culminou na
informação sobre o armamento que os bandos usavam nos ataques em cidades
de pequeno e médio porte. Ao estilo do ‘novo cangaço’, os assaltantes
rendiam os moradores depois de sitiar as cidade. Em seguida, os
policiais do lugar eram vítimas de emboscada nos próprios prédios dos
destacamentos e pelotões, sendo alvo de tiros e, assim, impedidos de
sair para tentar impedir o ataque.
Nos bancos, outra parte da
quadrilha se encarregava de colocar explosivos nos caixas eletrônicos e
cofres para destruir os equipamentos e ter acesso ao dinheiro. Isso se
repetiu, pelo menos, 43 vezes. Alguns ataques foram bem sucedidos para
os ladrões. Outros, acabaram sendo frustrados pela inabilidade dos
ladrões em manusear os artefatos ou pela intervenção policial.
Cidades
As
cidades cujos ataques foram seguidos de explosões de bancos se espalham
por praticamente todas as regiões do Estado do Ceará, entre elas, São
Gonçalo do Amarante, Senador Sá, Monsenhor Tabosa, Pacatuba, Jijoca de
Jericoacoara, Tejuçuoca, Palmácia, Morada Nova, Apuiarés, Jaguaribara,
Tamboril, Senador Sá, Pentecoste, Monsenhor Tabosa e Aracati.
Mais
recentemente, duas operações da Polícia Militar resultaram em tiroteios
que terminaram na morte de, pelo menos, sete assaltantes. A primeira
ocorreu após o ataque à cidade de Itarema, no litoral Oeste do Estado
(237Km de Fortaleza), onde um confronto deixou dois bandidos mortos,
além de um morador daquela cidade. A Polícia apreendeu um forte
armamento e explosivos usados pelos ladrões. Parte do bando foi presa
posteriormente.
Já em Ararendá, um confronto deixou seis mortos,
entre eles, um soldado da Polícia Militar que trocou tiros com os
ladrões em fuga. Posteriormente, em um cerco da PM, cinco assaltantes
também tombaram.
Conforme dados oficiais, neste ano, foram
registrados 88 ataques a bancos e postos bancários no Estado do Ceará.
Os três últimos aconteceram num único dia, 11 de dezembro, quando
agências foram assaltadas em Fortaleza, Ararendá e Ocara.
E foi a
partir da ação da quadrilha que agiu em Ocara, quando um cofre do Banco
do Brasil foi roubado pelos ladrões, que a Polícia Civil aprofundou as
investigações e, ontem, chegou ao local onde as armas dos criminosos
eram fabricadas.
Prisão
Em outra operação
realizada ontem, policiais do Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque),
destacados na Companhia Comando Tático Rural (Cotar), sob o comando do
capitão Rodrigues, capturaram um suspeito de assaltos a bancos no Vale
do Jaguaribe.
A prisão aconteceu na cidade de São João do
Jaguaribe (213Km de Fortaleza), onde foi preso Rael Paula da Silva, 21.
Ele realizava manobras perigosas em um Gol preto nas proximidades da
sede do Destacamento da PM da cidade, quando oi abordado. Com ele, foi
encontrado um revólver de calibre 22. Segundo a Polícia, ele teria
participado do assalto à agência do Bradesco local no dia 26 de julho
último. Fernando RibeiroEditor de Polícia
DN