terça-feira, 9 de junho de 2015


AI É DE LASCAR!

Ministério Público investiga 'desfile' de policiais com suspeitos de crime, em Patos


O Ministério Público da Paraíba (MPPB) instaurou, nesta segunda-feira (8), procedimento preparatório para investigar a conduta dos policiais e as circunstâncias que levaram à prisão de três pessoas e à apreensão de dois adolescentes suspeitos de envolvimento na morte de um policial militar durante um assalto a um posto de combustíveis na cidade de Patos, no Sertão. Os suspeitos foram expostos pela Polícia Militar em um "desfile" em carro aberto após serem detidos no último sábado (6). As imagens foram feitas pela TV Paraíba e divulgadas nesta segunda-feira (8).
Em nota, a assessoria da Polícia Militar negou que tenha ocorrido um "desfile" com os suspeitos e informou que "os que estavam na parte de cima das viaturas eram maiores de idade e os menores estavam na parte de dentro, sem algemas. Além de mostrar transparência na ação para evitar possíveis denúncias de que eles teriam sofrido algum tipo de agressão neste trajeto".
Além disto, a nota diz que "os próprios policiais da região evitaram o linchamento dos acusados quando chegaram à delegacia, já que a população estava bastante exaltada com a morte do policial e queria a todo custo agredir os suspeitos".

A operação para prisão e apreensão dos suspeitos mobilizou mais de 80 policiais. Além dos cinco detidos, outros dois criminosos morreram em uma troca de tiros durante a ação, segundo a PM.
Segundo a assessoria de imprensa do MPPB, além das circustâncias sobre a prisão, será investigado como ocorreu a morte do Policial Militar durante o assalto ao posto de combustíveis, e de dois suspeitos em uma troca de tiros com a polícia.
Ainda conforme a assessoria de imprensa, os promotores de Justiça vão requerer os relatórios das ocorrências policiais e das cópias dos autos de prisão em flagrante para apurar o que aconteceu e identificar os policiais envolvidos nos fatos. O Ministério Público estadual tem 90 dias para concluir as diligências.
Segundo a polícia, os suspeitos foram presos após a análise das imagens do circuito interno de segurança do posto de combustível. Segundo a polícia, o primeiro dos detidos apontou onde estavam os outros que participaram do crime. Na chegada à delegacia de Patos, a população se aglomerou e pediu o linchamento dos suspeitos.
OAB critica postura de policiais
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seccional Paraíba, criticou, nesta segunda-feira (8), a Polícia Militar por ter exposto em um "desfile" em carro aberto os suspeitos de envolvimento na morte de um policial militar.

“Por pior que seja o bandido, ele não pode ser conduzido em plena via pública como troféu. A OAB não aceita isso de jeito nenhum porque essa atitude vai de encontro a toda e qualquer defesa dos direitos humanos. O tempo do cangaço já passou”, declarou o presidente da OAB-PB, Odon Bezerra. “Se o preso transgrediu uma norma, a determinação é que ele seja levado para a cadeia e depois que responda a um processo”.

O caso vai ser debatido na próxima reunião do Conselho Pleno da OAB-PB, que deve acontecer na sexta-feira (12). Apenas esse conselho pode decidir se a OAB vai entrar com uma representação em relação a esse caso.

Crime no sábado
O assalto ao posto de combustíveis em que o policial militar foi morto ocorreu na madrugada do sábado (6).
Os assaltantes renderam funcionários do estabelecimento e clientes e entraram em uma sala onde estava o dinheiro do posto. Durante o assalto, o policial militar, que trabalhava nas horas vagas como mototaxista, chegou ao local com outra pessoa em uma moto.
Os criminosos levaram o policial e o passageiro para a sala e continuaram a recolher o dinheiro do caixa. O PM reagiu e sacou uma arma. Um dos assaltantes, que portava uma espingarda, notou a reação e atirou contra o policial.
Outros crimes
Ainda de acordo com a Polícia Militar, o grupo detido suspeito de matar o policial militar é apontado como responsável por vários crimes na região de Patos.
Na operação, a polícia apreendeu duas espingardas, um revólver, munições, capuzes, documentos, as roupas usadas no assalto, celulares, droga e uma quantia em dinheiro não informada pela polícia.
O tenente-coronel Francisco Campos comentou que a ação foi uma resposta à população da cidade sertaneja. “Nós acreditamos que eles passarão um bom tempo fora de ação. Acredito que seja uma resposta para a sociedade, para a família, para os nossos companheiros do batalhão, para toda a população sertaneja que confia na Polícia Militar”, ressaltou.


*G1 PB - 9 de Junho de 2015

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